Autor: Bryan Matiak Bill Sieben
Unidade: Faculdade Senac Palhoça
O tempo caminha em silêncio profundo,
Pisa leve, sem deixar pegadas no chão,
Passa por todos e passa por tudo,
Sem pressa, sem pausa, sem direção.
Nasce o sol sobre o rosto cansado,
De quem viveu mais do que podia sonhar.
E a infância tão doce, já vai tão longe,
Como as ondas que se vão sem voltar.
Onde mora o tempo que já foi embora,
Na gaveta das fotos, na lembrança do olhar,
Ou será que ele vive, quieto e oculto,
Nos cantos das almas a nos observar?
O ontem foi feito de risos e prantos,
De caminhos que eu quase escolhi,
De amores que vieram e foram com o vento,
E palavras que deixei de dizer por aí.
O agora, tão breve, escorre entre os dedos,
Como areia que insiste em fugir da mão,
É instante e suspiro, é luz que se apaga,
É semente lançada no chão.
E o futuro? Ah, o futuro é mistério,
É uma estrada envolta em véu,
É pergunta que paira no ar sem resposta,
E promessa escrita no céu.
Mas mesmo sem saber o que vem adiante,
Caminho, errando e tentando acertar,
Porque viver é dançar com o tempo,
É cair, levantar e continuar.
Sou feito de dias que não voltam mais,
De noites que ardem em lembrança e dor,
Mas também sou feito de esperança teimosa,
E de um coração que acredita no amor.
Assim sigo, entre relógios e estrelas,
Entre o agora e a eternidade,
Sendo parte do mundo, e ao mesmo tempo,
Tentando entender a verdade.
Autor: Eduardo Paganini
Unidade: Faculdade Senac Caçador
Às vezes no escuro eu fico pensando,
a luz corre solta, no teto riscando,
e o tempo parece só ir se alongando.
Um trem na cabeça não para de andar,
um flash de segundos me faz perguntar
se o tempo é elástico e pode mudar.
As estrelas se curvam, o espaço é profundo,
um buraco engole metade do mundo,
e eu sigo perdido tentando um segundo.
Nesse caminho eu sigo a tentar,
aonde essa maldade pode chegar?
Essa maldade está no pensar.
O medo se esconde no olhar calado,
um sonho quebrado fica guardado,
no tempo que passa, tudo é marcado.
Se a mente constrói, também pode ferir,
mas dentro de nós ainda há de existir
a força que brilha e nos faz resistir.
Autor: André Mardula Neto
Unidade: Faculdade Senac Joinville
A casa que um dia me pareceu infinita
hoje se desdobra em finitude.
Caminho por seus cômodos
como quem atravessa mundos,
paredes nuas, colunas cansadas,
ecos que não guardam ninguém.
Nada mudou, e tudo é outro.
Os cantos que um dia me pareciam labirintos
são apenas esquinas previsíveis,
e até o silêncio ergue paredes em mim.
Talvez seja isso que a casa me ensine:
nada é eterno.
Nem as vozes que já se foram,
nem o corpo que nelas se perdeu,
nem os objetos esquecidos no canto,
que um dia tiveram vida própria.
Reparo que já não sou o mesmo
que um dia correu por esses corredores.
A infância se gasta
como o chão que sustentou passos,
restam apenas vestígios,
traços de um tempo que se desfaz.
Agora caminho pelos cômodos como quem atravessa lembranças fragmentadas,
mas a casa não me guarda mais.
O eco que antes era mundo agora é apenas um sussurro,
uma pontuação do tempo que se escoa sem piedade.
Talvez o que reste sejam sombras:
formas suaves que dançam nos cantos,
sinais de uma vida que existiu aqui
e que já não me pertence mais.
O silêncio é agora mais denso que a ausência de vozes;
é consciência de que somos apenas memória,
uma memória que se fragmenta,
que toca outras memórias e se desfaz no instante seguinte.
E mesmo assim, sigo tocando as paredes,
como quem tenta segurar o que nunca será eterno,
sabendo que talvez não seja preciso guardar nada:
basta sentir,
o peso tênue de tudo o que passou.