“Eu entrei no mundo das flores quando tinha 16 anos. Comecei a trabalhar na floricultura e para mim tudo era mato. Meu chefe mandava tirar o mato da flor, eu ía, olhava o pé todo de mato e pensava: ‘vou jogar tudo fora, né?!’. Então primeiro eu tive que aprender o que é mato e o que é uma folhagem.”

Natural de Rio do Sul, Larissa Laubenstein, 18 anos, com o tempo foi evoluindo na floricultura onde trabalhava com sua mãe, de atendente e limpeza, à florista: “Um dia apareceu o Senac lá na floricultura, o pessoal convidou para conhecer o curso, o dono se interessou, levou eu e minha mãe e foi assim que eu entrei no Senac.” 

Larissa aprendeu a diversidade de atuações da profissão. Sua flor preferida é a Strelitzia reginae: “É uma flor de presença, com cores vibrantes, e dentro dela tem outra flor, então quando acaba a floração, ela desperta novamente.” Dentre as várias possibilidades da profissão, o que mais chama a atenção dela são as joias. “O que eu mais gosto nas joias florais é a forma que ela transmite personalidade. Podemos usar flores, galhos, arame, é um trabalho que tenho uma conexão muito forte, então sempre sai algo com personalidade, com cores, base e flores diferentes.”

Conterrânea de Maria Olívia Fronza, campeã nacional da categoria nas Competições de 2023 e medalhista de excelência na WorldSkills 2024, Larissa teve a oportunidade de conhecer a atual embaixadora das Competições Senac 2025, e pôde treinar com ela. “O tempo que tive com a Maria Olívia foi um desabrochar. Ela me ensinou que nunca dá para dizer que não temos material ou flor, a ver o que tem e fazer com o que tem.”

O desafio este ano aumentou. O número de estados representados que disputam a categoria subiu de três para sete: Santa Catarina, Amazonas, Espírito Santo, Minas Gerais, Paraná, Ceará e Rio de Janeiro. Larissa é treinada por outra campeã nacional, Jéssica Cristina de Campos, que representou o Senac na Worldskills 2019, na Rússia, e desde então tornou-se professora e incentivadora: “A Competição abriu portas que dificilmente eu teria em outros lugares e poder transformar a vida de outros jovens é gratificante. Os sentimentos e dificuldades que eles passam hoje eu já passei e isso traz uma bagagem muito boa.”

Prova e avaliação

Os floristas terão três provas nos dois primeiros dias e duas no último, cada qual com um tempo, como 1h15 para o buquê e duas horas para o design de noiva. Alguns trabalhos obrigatórios já estão pré-definidos pelo regulamento, com quesitos surpresa que serão apresentados aos competidores no local do evento, dois dias antes.

O primeiro dia começa com a ambientação: limpeza das flores, troca de água, uso de conservante, corte, checagem das ferramentas, separação das flores com defeito e verificação de necessidade de troca. Essa comunicação inicial já é um quesito avaliado. Dentre os trabalhos obrigatórios a serem feitos estão: buquê de mãos (com ou sem estrutura); design para noiva; arranjo de flores cortadas; design de plantas; joia floral e guirlanda de natal. 

Para a treinadora Jéssica, um dos maiores graus de dificuldade está na joia floral: “É a prova mais desafiadora. Este ano, ela não leva nenhuma estrutura pronta. Tem que fazer tudo lá e, além disso, foi reduzido o tempo de prova. Antes levava pronto a pré-estrutura, a parte aramada, e recebia duas horas; agora a gente vai ter duas horas para fazer tudo.”, explica. 

Além disso, no segundo e terceiro dias haverá prova surpresa: “A última nós sabemos um tema: Conexão Brasil&Xangai. Mas nada sobre a prova, se vai ser um arranjo pendente, um buquê, joia, arranjo de mesa, etc. Estamos pesquisando a cultura, como vestimenta, comida... Nossa tarefa é estudar a conexão e no momento sentir o que o coração disser ‘faz isso’.” 

Além dessas provas, a competidora prepara-se para outros quesitos surpresa, como flores fora da lista, capacidade de adequação a diferentes tipos de vaso ou características da sazonalidade: “a prova vai ser no Rio então provavelmente a gente vai receber uma variedade de flores mais tropicais, não o que somos acostumados a usar aqui. Com diferentes distribuidores do Brasil, também pode variar a cor, o tamanho do cabo, e tudo isso influencia na escolha da flor para entrega da prova.”, pondera Larissa.

Os critérios de avaliação consideram: organização do espaço e do tempo de preparo, uso consciente dos recursos (separação do lixo, entre o orgânico e o que ainda pode ser reaproveitado de outra maneira, como ocorre nas floriculturas, para evitar perdas), cuidado com as ferramentas e com a flor e comunicação. 

Treinamento

Para lidar com a variedade e as diversas possibilidades de adaptações, o treinamento de Larissa incluiu participação em eventos como o Enflor, em Holambra, São Paulo: “Tinha fornecedores de diferentes vasos, bases, embalagens, conservantes, além do conhecimento de variedade de flor. Encontramos pessoas que trouxeram inspirações para levar de opção para a competição, também conheci refrigeradores e mercadores de flores para trocas sobre como conservar.”, conta Larissa sobre a experiência. 

Além dos eventos, de um simulado com Maria Olívia, e de participações em outras ações, Larissa treina também como lidar com a concentração e o silêncio durante a prova: “Eu tenho um medo gigantesco de parecer ignorante e mal-educada. Em alguns simulados, eu entrava em pânico por não poder responder as pessoas. Isso é algo que a gente trabalha ainda, porque na hora as pessoas ignoram as plaquinhas.”, relata. 

Ainda sobre o que aprendeu com a conterrânea, ela acrescenta: “A Maria com toda certeza é uma pessoa que me ensinou muito sobre ser forte nas provas, como transmitir minha personalidade nos meus trabalhos e o quanto é importante não desistir de um arranjo quando ele não está dando certo.”, conclui.

Ficha técnica:

Competidora: Larissa Laubenstein, 18 anos

Ocupação: Florista

Treinadora: Jéssica Cristina de Campos

Município: Rio do Sul

Acesse as redes sociais e apoie a competidora (instagram): Larissa Laubenstein, Ocupação Florista